Ayuda
Ir al contenido

Dialnet


Resumen de Apresentação

Fábio Abreu dos Passos

  • português

    Os estudos acerca dos múltiplos aspectos da existência da pessoa com deficiência começou a ganhar pujança com o surgimento dos Disability Studies. A partir de então, o tema da “deficiência” deixou de ser algo exclusivo do saber médico e passou a ser tencionado por áreas do conhecimento como Antropologia, Sociologia, Psicologia e Filosofia. Esse panorama epistemológico influenciará as tomadas de decisão acerca da pessoa com deficiência em âmbito social. Os estudos sobre/da deficiência vieram à tona nos anos 1970 e 1980, cuja matriz teórica predominante foi a sociológica. Esses estudos surgiram em ambientes de lutas pelos direitos das pessoas com deficiência, levados a cabo nos anos de 1960 e 1970, sobretudo em países como Estados Unidos da América, Inglaterra e Países Baixos. Essas lutas foram levadas a cabo por organizações que tinham em suas lideranças pessoas com deficiência. O desenrolar dos movimentos pelos direitos das pessoas com deficiência fizeram com que essa temática fosse refletida para além do quadro investigativo até então dominante, ou seja, de que a deficiência é uma questão que diz respeito às alterações completas ou parciais de partes do corpo humano. Dentro desse quadro investigativo, temos as ciências da saúde voltando-se para o corpo DEF como lesionado, no intuito de “consertá-lo”, de “normalizá-lo”, para que se torne eficiente e, portanto, produtivo. É nesse sentido que podemos dizer que, da segunda metade do século XX em diante, o discurso médico em ascensão procurava responder às questões relacionadas às desigualdades sociais sofridas pelas pessoas com deficiência a partir de uma perspectiva meramente biológica, naturalizando esse quadro de opressão e invisibilidade. Nesse discurso, a deficiência deixa de ser encarada como um castigo divino e passa a ser compreendida como um “erro” da natureza ou de alguma sequela advinda de um acidente, podendo ser corrigida ou mitigada através de cirurgias ou tratamentos reabilitadores. A visão da corporeidade DEF como algo defeituoso é fruto da captura desse corpo pelo saber médico, que toma para si o corpo lesionado no intuito de devolvê-lo para o convívio social, com os déficits físicos corrigidos ou atenuados. O saber médico substitui o ideal clássico de perfeição corporal pela mensuração do caráter orgânico da população, típicas da biopolítica. Esta mensuração descreve estatisticamente a população em percentuais que buscam traçar uma média de quantas pessoas possuem algum tipo de lesão física e quantas são “normais”. Todos os desvios físicos e intelectuais mensurados estatisticamente a partir dos padrões normalizadores devem ser examinados, classificados e, se possível, tratados. Embora o discurso científico tenha tirado da corporeidade DEF o estigma de ser visto como um castigo divino contra alguma transgressão de seus progenitores, ele outorga a essa corporeidade uma marca que fomenta discursos capacitistas: a ideia de que o corpo DEF é um erro que precisa ser corrigido.

                A “Filosofia DEF”, que busca tencionar os múltiplos aspectos da existencialidade da pessoa com deficiência a partir de categorias e conceitos filosóficos, inaugura um novo e imprescindível momento de reflexão, trazendo para a superfície do debate um tema invisibilizado. O dossiê “Filosofia DEF”, publicado pela Revista Kalagatos, configura-se como mais uma ação de conferir visibilidade à temática da deficiência em uma perspectiva filosófica. O dossiê conta com diversos artigos de importantes pesquisadores e pesquisadoras que se debruçam filosoficamente sobre o tema da pessoa com deficiência. São eles: Para além da deficiência como uma identidade: a afirmação da diferença a partir dos modos singulares do ser, de Carlos Henrique Machado; A deficiência como problema filosófico: o pensar “deficiente” e sua potência instituinte na instituição escolar, de Pedro Ângelo Pagni; A baixa visão como diretriz fenomenológica de autoria de Michele Bellato; Do Acidente da deficiência à normatividade vital e a afirmação incondicional da vida, de Joelmar Fernando Cordeiro de Souza e Reinaldo Furlan; Língua de sinais: o lugar da diferença surda, de autoria de Estenio Ericson Botelho de Azevedo e João Emiliano Fortaleza de Aquino; Cartografia como uma cripistemologia: reflexões a partir de um território autista, de Luiz Gustavo Duarte e Maira Sayuri Sakay Bortoleto; A “Deficiência” enquanto problema filosófico, de Fábio Abreu dos Passos e Elivanda de Oliveira Silva; O que é ser surdo? Percepção e sensibilidade para uma ontologia da surdez, de Carlos Henrique Carvalho Silva e Parresia e arte autista: caminhos para a coragem da verdade e o cuidado de si, de autoria de Ana Cândida Nunes Carvalho.

  • English

    The studies of the multiple aspects of the existence of people with disabilities began to gain strength with the emergence of Disability Studies. From then on, the theme of "disability" ceased to be something exclusive to medical knowledge and began to be explored by different fields such as Anthropology, Sociology, Psychology, and Philosophy. This epistemological panorama will influence decision-making about people with disabilities in the social sphere. Studies on disability came to light in the 1970s and 1980s, whose predominant theoretical matrix was sociological. These studies emerged in a struggling environment for the rights of people with disabilities, carried out in the 1960s and 1970s, especially in countries such as the United States of America, England, and the Netherlands. These struggles were faced upfront by organizations with disabled people in leadership positions. The development of the movements for the rights of people with disabilities has led to this theme being reflected beyond the investigative framework that had been dominant until then, i.e., that disability is an issue that concerns the complete or partial alterations of parts of the human body. Within this investigative framework, the health sciences have turned to the DEF body as injured to “fix it” and "normalize it” so that it becomes efficient and, therefore, productive. It is in this sense that one can say that from the second half of the twentieth century onwards, the rising medical discourse sought to respond to issues related to social inequalities suffered by disabled people from a merely biological perspective, naturalizing this picture of oppression and invisibility. In this discourse, disability is no longer seen and understood as a divine punishment, as an “error” of nature or some sequelae arising from an accident that can be corrected or mitigated through surgeries or rehabilitation treatments. The view of DEF corporeality as something defective results from the capture of this body by medical knowledge, which takes the injured body for itself to return it to social life with the physical deficits corrected or attenuated. Medical knowledge replaces the classical bodily perfection ideal with the measurement of the organic character of the population, which is typical of biopolitics. This measurement describes, statistically, the population in percentages that seek to draw an average of how many people have some physical injury and how many are “normal”. All physical and intellectual deviations statistically measured from normalizing standards should be examined, classified, and, if possible, treated. Although scientific discourse has removed the stigma from DEF corporeality—the stigma of being seen as a divine punishment against some transgression of its progenitors—it gives this corporeality a mark that fosters ableist discourses: the idea that the DEF body is an error that needs to be corrected.

                The “DEF Philosophy,” which seeks to tense the multiple existential aspects of people with disabilities from philosophical categories and concepts, inaugurates a new and essential moment of reflection, bringing an invisible theme to the surface of the debate. The dossier “DEF Philosophy,” published by Kalagatos Magazine, is configured as another action to give visibility to the theme of disability from a philosophical perspective. The dossier has several articles by important researchers who focus philosophically on the theme of people with disabilities. They are: Para além da deficiência como uma identidade: a afirmação da diferença a partir dos modos singulares do ser, by Carlos Henrique Machado; A deficiência como problema filosófico: o pensar “deficiente” e sua potência instituinte na instituição escolar, by Pedro Ângelo Pagni; A baixa visão como diretriz fenomenológica, by Michele Bellato; Do Acidente da deficiência à normatividade vital e a afirmação incondicional da vida, by Joelmar Fernando Cordeiro de Souza and Reinaldo Furlan; Língua de sinais: o lugar da diferença surda, by Estenio Ericson Botelho de Azevedo and João Emiliano Fortaleza de Aquino; Cartografia como uma cripistemologia: reflexões a partir de um território autista, by Luiz Gustavo Duarte and Maira Sayuri Sakay Bortoleto; A “Deficiência” enquanto problema filosófico, by Fábio Abreu dos Passos and Elivanda de Oliveira Silva; O que é ser surdo? Percepção e sensibilidade para uma ontologia da surdez, by Carlos Henrique Carvalho Silva; and Parresia e arte autista: caminhos para a coragem da verdade e o cuidado de si, by Ana Cândida Nunes Carvalho.

     


Fundación Dialnet

Dialnet Plus

  • Más información sobre Dialnet Plus