Brasil ha atravesado un largo proceso de colonización que todavía deja huellas violentas en las formas de relacionarse con las comunidades quilombolas, produciendo la devaluación de sus culturas y conocimientos. Las vidas de niños y jóvenes quilombolas se volvieron invisibles frente al conocimiento científico que utilizaba a los autores europeos como referencia y a las clases medias urbanas como modelo. En este texto, presentamos los resultados de una investigación de intervención realizada entre 2017 y 2019, con aproximadamente 30 niños y jóvenes que viven en Cafuringa, una comunidad quilombola, en Campos dos Goytacazes-RJ. Buscamos comprender cómo las experiencias de la infancia y la juventud se constituyen a partir de las relaciones que los niños y jóvenes establecen con el territorio, sus usos y apropiaciones, y los modos de subjetivación frente a los conflictos experimentados en la comunidad. Los niños toman posesión del territorio a través de juegos colectivos al aire libre, en los que exploran espacios comunitarios, interactúan con la tierra, los animales, las plantas y los árboles. Para ellos, estos pueden ser "embrujados", mantener algo "sagrado", mientras que fascinante también genera miedo. Estas formas de relacionarse con el territorio entran en conflicto con la granja y criadero de caballos, que consideran la tierra como un negocio, los animales y las plantas como bienes. La extrañeza de los niños frente a la cerca eléctrica colocada por criadero de caballos, que simboliza el uso privado de la tierra, las desigualdades sociales y la discriminación racial experimentada en su vida cotidiana, nos hace cuestionar el proyecto de civilización construido en la modernidad.
Brazil has gone through a long process of colonization that still leaves violent marks in the ways of relating to quilombola communities, producing the devaluation of their cultures and knowledge. Through colonization, the lives of quilombola children and young people have become invisible in the face of scientific knowledge that uses European authors as a reference and the urban middle classes as a model. In this text, we present the results of an interventional research carried out between 2017 and 2019, with about 30 children and young people living in a quilombola community in Cafuringa, in Campos dos Goytacazes-RJ. We seek to understand how the experiences of childhood and youth are constituted from the relationships that children and young people establish with the territory, their uses and appropriations, and the modes of subjectification in the face of conflicts experienced in the community. Children take ownership of the territory through collective games held outdoors, in which they explore community spaces, and interact with the land, animals, plants and trees. For these children, these spaces can be "bewitched", "haunted", "sacred", and while fascinating, also generate fear. These ways of relating to the territory are in conflict with the agricultural produce and horse breeding farms, which consider the land as a business, and animals and plants as goods. The children's estrangement in encountering of the electric fence placed by the farm, which symbolizes the private use of the land, social inequalities, and the racial discrimination experienced in their daily lives, leads us to question the project of the overall “civilizing” project built into modernity.
O Brasil passou por um longo processo de colonização que ainda deixa marcas violentas nas formas de se relacionar com os povos quilombolas, produzindo a desvalorização de seus conhecimentos e culturas. As vidas de crianças e jovens quilombolas ficaram invisibilizadas diante de um saber científico que usou referências de autores europeus e as classes médias urbanas como modelo. Neste texto, apresentamos os resultados de uma pesquisa-intervenção realizada entre 2017 e 2019, com cerca de trinta crianças e jovens moradores da comunidade quilombola de Cafuringa, em Campos dos Goytacazes - RJ. Buscamos compreender como as experiências de infância e juventude se constituem a partir das relações que crianças e jovens estabelecem com o território, seus usos e apropriações, e os modos de subjetivação diante dos conflitos vivenciados na comunidade. As crianças se apropriam do território através das brincadeiras coletivas realizadas ao ar livre, em que exploram os espaços, interagem com a terra, bichos, plantas e árvores. Para elas, estes elementos podem ser “enfeitiçados”, “assombrados” e guardar algo de “sagrado” e, ao mesmo tempo em que fascinam, também geram medo. Essas formas de se relacionar com o território entram em conflito com a “fazenda” e o haras, que fazem fronteira com o quilombo, que consideram a terra como um negócio, os animais e as plantas como mercadorias. Os estranhamentos de crianças e jovens diante da cerca elétrica colocada pelo haras, simbolizando o uso privado da terra, as desigualdades sociais e as discriminações raciais vividas em seus cotidianos nos fazem questionar sobre o projeto de civilização construído na modernidade.
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