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Economia do Esquecimento: rasgando o Estreito de Magalhães

Imagen de portada del libro Economia do Esquecimento: rasgando o Estreito de Magalhães

Información General

Resumen

  • Esquecer faz parte de nós. A capacidade limitada que temos em memorizar é um recurso que os diversos avanços da Medicina e das denominadas Neuro-Ciências vêm demonstrando como uma capacidade com limites. O ser humano tem uma paixão – que poderíamos denominar como um carinho quase obsessivo – por tudo o que é limitado, contingente, transitório, escasso. As razões para essa Paixão foram escrutinadas por autores diversos, desde os Clássicos Marco Aurélio, Hegel ou Stuart Mill até autores mais atuais como Turnbull (2007) e alguns destes argumentos serão revisitados neste ensaio. No entanto, existe uma Ciência Social focada na observação das decisões humanas em ambientes de escassez – a Economia - que desde Robbins é encarada como a Ciência da Escolha.

    A figura de Fernão de Magalhães tem sido invocada nestes 500 anos da sua liderança da primeira viagem de circum-navegação. No entanto, toda ela é um símbolo da Economia do Esquecimento – desde o próprio que quis esquecer a origem portuguesa até à origem portuguesa que durante séculos o tentou esquecer. No entanto, 500 anos depois dessa epopeia que uniu dezenas de nacionalidades à época e que contatou com pontos tão díspares no globo como além da Europa a América do Sul ou o Japão, vemos que tais tentativas de esquecimento não foram eficazes. E essa ineficácia deve levar-nos também a ponderar se tantas vezes o Esquecimento que criamos poderá alguma vez ser-nos benéfico, sobretudo o Esquecimento das Regiões de Portugal.

    Este ensaio foca uma escolha em particular – o Esquecimento que todos nós praticamos, sobretudo na esfera de determinadas realidades nacionais, nomeadamente certas regiões, certos cidadãos, certos espaços. Esquecemos ou desejamos esquecer os ambientes (as experiências) onde não fomos felizes ou onde fomos pouco felizes (como Joormann e Hertel, 2005 referem); esquecemos também aqueles cenários que geraram em nós percepções de infelicidade potencial (por exemplo, uma rua escura que atravessámos a correr em determinada noite de inverno); finalmente, esquecemos os ambientes onde receamos não poder ser felizes.

    Do parágrafo anterior, verificamos uma linha que autores como Stuart Mill ou Jeremy Bentham apelidam de “hedonista” – tomamos decisões porque queremos ser felizes, ter mais prazer no fim do que dor ou insatisfação. Esquecer ajuda-nos a ser felizes. Aliás, autores como Maia Trigueiro (2016) vêm falando de como a exposição permanente nas atualmente denominadas redes sociais de suporte digital é uma ameaça a esse “direito ao esquecimento” que crentes católicos esperam por exemplo do padre a quem se confessaram. No entanto, as redes sociais lembram pecados antigos, asneiras ditas quando depois não as teríamos querido dizer, poses e fotos que desejámos, no final… esquecer.

    Este ensaio é assim um contributo para uma discussão que se impõe – quer em termos positivos quer em termos normativos. Impõe-se em termos positivos pois a diversidade de estatísticas disponíveis revela a premência do problema por uma diversidade igualmente significativa de ângulos. O esquecimento a que espaços – geográficos, humanos e sociais – estão votados por franjas significativas de portugueses é uma evidência empírica que facilmente se provará nas páginas que se seguem. O contributo presente impõe-se em termos normativos porque não só os custos de concentração somados com os custos do esquecimento se tornam claros e emergem como necessitados de correção mas também porque os ‘esquecendos’ – isto é, aqueles que vão caindo no esquecimento de quem deles se deveria lembrar – acumulam dores, pobreza e perdas de desenvolvimento que raiam – em não poucos casos – a ofensa aos seus direitos elementares – como pessoas, como cidadãos e como seres humanos.

    Assim, este ensaio está estruturado em sete capítulos principais. Além deste introdutório, temos um segundo capítulo que evidenciará como um espaço específico de Portugal – a região tradicionalmente identificada com Trás-os-Montes e Alto Douro – está esquecida. Mostrar-se-á aí também como apesar de ser vítima de esquecimento, a região em causa não esquece o país. O terceiro capítulo discute Causas e Consequências do Esquecimento, começando pelas razões para o Esquecimento que cada um de nós tem e vai tendo em cada dia e ao longo dos dias e avançando para as razões principais para o Esquecimento de que a região é alvo; este capítulo termina listando as consequências do esquecimento aqui visado. O quarto capítulo procura ser profilático perante o problema denotado. Então, listam-se – mas também se criticam – os remédios para ‘fazer memória’. Como então se lerá, nem todos os remédios apregoados são bons, havendo maus remédios que inclusive – no final da aplicação – aprofundam ainda mais o esquecimento no lugar de o combaterem. No quinto capítulo, dissecam-se metodologicamente os que não esquecem, sobretudo os que gostam da sua região e os Emigrantes que por ela suspiram. O sexto capítulo disserta sobre os que passam pela região, sobre os que vão ficando nela e sobretudo sobre os que a guardam – os Senadores que são os mais velhos dos transmontanos e alto-durienses.

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