Levando-se em consideração os poucos estudos acadêmicos existentes sobre a Literatura de Cordel brasileira realizados nas faculdades de filologia portuguesa e literatura brasileira, é que tomamos a decisão de estudá-la sob a égide de teorias mais adequadas à sua natureza literária. Dessa forma, a nossa tese se propõe a realizar um estudo diacrônico que procurará estabelecer o processo de formação do cordel, tomando como marcos teóricos a Nova História Cultura encabeçada pelo historiador francês Roger Chartier, assim como a poética da oralidade instituída pelo medievalista Paul Zumthor. É nossa intenção mostrar, fundamentalmente, a importância de três poetas em todo o processo de formação desse tipo de literatura popular, a saber: Leandro Gomes de Barros, como o fundador da literatura enquanto texto literário; João Martins de Athayde, enquanto o criador do suporte material do folheto e também de uma ampla rede de distribuição e venda; e, finalmente, Francisco das Chagas Batista, um poeta que através da sua Popular Editora, estabeleceu o primeiro canon de poetas de cordel quando da publicação da primeira antologia do gênero. Juntos, esses três poetas foram os responsáveis pela criação de um autêntico sistema literário popular de produção, distribuição e venda de folhetos de cordel a um público imenso de leitores (a maioria analfabetos) que compravam os folhetos para serem lidos em voz alta nas reuniões familiares e comunitárias.
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