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Resumen de Poesía en forma de imagen. Archivo en el cine experimental

Adriana Maria Cursino Menezes

  • A poesia instaura uma relação especial com o tempo. Ela também tem relação com a história. Num poema, os aspectos múltiplos e às vezes contraditórios do real estão acolhidos. ¿Um poeta fala da `música calada¿ ou da `paixão crítica¿, ele prefere revelar o real na sua inteireza a defini-lo¿ (Jardim, 2013) No poema, entretanto, há sempre algo que escapa ao significado usual e que aponta para o indizível. Assim, os filmes experimentais com arquivo revelam impressões sobre o real, sobre a história que passou e o mundo em que vivemos, mas lançando-se ao absoluto, enfatizando associações visuais, tonais ou rítmicas sem representar a realidade de forma precisa, sem reduzir os aspectos do mundo a fórmula única. Tais filmes quebram a ¿língua da prosa narrativa¿, tendencialmente naturalista e exercida no cinema, para afirmar uma ¿língua de poesia¿, como defende o cineasta italiano Pier Paolo Pasolini.

    Como na poesia, há nos filmes experimentais a ideia de contaminação com outras linguagens ¿outros códigos, outros recursos, outros meios. Nem que seja só em pensamento¿ (Lima, 2013). Um tipo de trabalho que passa pelo plano do inespecífico, em constante sensação de insuficiência da linguagem para corresponder a uma memória ativa, sem mecanismo ou domesticação, ¿próprio da natureza do sentido: ele não existe nas coisas, tem que ser buscado, numa busca que é sua própria fundação¿ (Lima, 2013), diz o poeta brasileiro Paulo Leminski. Para o poeta checo Rainer Maria Rilke (1926), por sua vez ¿ ¿Força é mudares de vida!¿ ¿, a poesia tem desse modo, por seu direcionamento ao mundo das coisas `reais¿, significado ético, mas também temporalidade impermanente. Tal como um poema, um filme experimental tem certamente a dimensão histórica, embora também escape à história.

    A pesquisa para esta tese começou há mais ou menos cinco anos quando tive contato com filmes documentais de observação (sem entrevistas e com relação menos interventiva na cena) que sugeriam em suas formas ligação muito mais singela e poética com o real. Eram filmes feitos na Catalunha (Espanha) no início dos anos 2000, um momento que ficou marcado pela confluência de obras de diretores como Mercedes Alvarez, Jose Luis Guérin, Joaquin Jordá, Isaki Lacuesta, entre outros, que renovavam a produção documental. Foi o contato com algumas dessas obras que me despertou a percepção de como os materiais de arquivo ¿ quase sempre inseridos nos filmes documentários para cobrir uma citação, como referência a determinada ideia ¿ poderiam remeter a algo além do próprio discurso sustentado no documentário. O arquivo, portanto, não deveria cumprir necessariamente a função de peça de reforço de um argumento, mas poderia servir de alavaca para alcançar um espaço de abstração da própria imaginação remanejada para tempos passados, para a história, ou seja, um acesso à realidade, ao mundo histórico por via poética.

    Das conversas com Consuelo Lins, orientadora desta tese e que já trabalhava com o tema do arquivo em filmes ensaísticos, o enfoque foi tomando forma. Na condição de co-orientadores Antonio Weinrichter e Alberto Elena, bem como André Parente, Beatriz Jaguaribe, Maria Luisa Ortega, Josep Maria Català estiveram presentes, em distintas etapas do processo de pesquisa e escritura. Materiais, ideias e apoios diversos foram recebidos de José Carlos Avellar, Javier Herrera, Antonio Santamarina, José Luis Guerín, Mercedez Alvares, Samuel Alárcon, Ruben Cogolludo, entre outros.

    A tese foi realizada em quatro etapas. A primeira delas no Brasil, as duas seguintes na Espanha em dois períodos de estudos ¿ um de três meses e outro de um ano ¿ e a última no Brasil, para conclusão da tese. A partir de tal experiência e do contato com diversos materiais, a tese tomou a forma com que aqui se apresenta.


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