Esta tese tem como objeto a produção de arte pública na cidade de Lisboa, nas grandes unidades habitacionais de promoção pública que se planearam e edificaram no período definido entre 1945 e 1965: Alvalade, Olivais Norte e Olivais Sul. A obra de arte pública é assumida como um facto urbano, integrado num percurso de conformação do espaço. Cada uma das áreas é estudada desde a sua génese até ao seu estádio consolidado sob três aspetos: o plano de urbanização, o processo de edificação e a participação de artistas na produção de obras de arte pública, de modo a entender como se cruzam no espaço as variadas ideias e intenções ao nível do plano e dos projetos, e como estas sugerem ou condicionam o surgimento da obra de arte pública. O período escolhido - as duas décadas seguintes ao fim da Segunda Guerra Mundial - permite apreciar a entrada e o desvanecimento dos ideários modernos racionalistas nos modos de pensar e construir a cidade. Através do estudo de Alvalade, Olivais Norte e Olivais Sul pode acompanhar-se a intromissão dos princípios da Carta de Atenas, primeiro limitada a pequenas unidades de urbanização [Alvalade], depois assumida à escala de uma célula experimental [Olivais Norte] e finalmente posta em prática numa grande malha residencial, mas onde se sentem já as tensões com outras correntes modernas, abrindo caminho às primeiras ruturas com o documento de 1933 [Olivais Sul]. Neste processo de desagregação do vocabulário urbano tradicional e de abandono dos figurinos oficiais impostos pelo regime desde o início da década de 1940, o objetivo principal da tese é perceber como é que arte pública se adequou aos edifícios e espaços públicos de configurações absolutamente novas, geradas pela aplicação destes novos paradigmas e formulações estéticas. É também perceber ao serviço de que intenções a obra de arte pública foi sendo chamada a pontuar o espaço da cidade. A presente tese aborda uma produção artística geralmente negligenciada: a arte pública que acompanha a arquitetura e o urbanismo modernos. Apesar de quase exclusivamente circunscrita aos exemplos lisboetas, ensaia também uma aproximação exploratória à produção de arte pública para o universo da habitação social, de grande relevância no contexto do pós Segunda Guerra e décadas subsequentes. Se para arquitetos e urbanistas a habitação tinha sido desde o início do século XX tema de eleição e de demarcação doutrinária, foi também um campo que cativou artistas socialmente engajados, provenientes de várias linhagens estéticas e políticas, mas que tinham em comum uma intenção de aproximação ao espaço do cidadão comum. Esta tese move-se entre várias áreas disciplinares. Além de perspetivar a arte pública no seu contexto arquitetónico e urbano, por se enquadrar conceptualmente na abordagem proposta pelo Cer Polis, a autora adapta a metodologia da história oral como forma de resgatar parte da informação necessária à escrita da tese. PALAVRAS CHAVE - Arte Pública, Áreas residenciais, Urbanismo residencial, Síntese das Artes, Integração das Artes, Movimento Moderno
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