Em Histoire de la sexualité, I: La volonté de savoir (1976), Michel Foucault escreve que o homem ocidental tornou-se um animal confidente. Em algumas aulas de Les anormaux (1975-1976), esboça a genealogia do homem de desejo a partir da confissão cristã. Ambos escritos evidenciam como as ciências humanas ¿psi¿ fazem uso de antigas práticas cristãs quando acentuam a confissão como estratégia fundamental, o desejo (sexual) como conteúdo privilegiado e a produção de verdades concernentes ao indivíduo como objetivo a ser alcançado. Pretendemos sublinhar que nestes e noutros estudos dos decênios de 1970 e 1980, a verdade das ciências humanas jamais é index sui, porque seu objeto, o indivíduo, sempre é constituído historicamente. Permanecem somente efeitos de verdades desdobrados de relações de poder que qualificam alguns discursos como verdadeiros, ao mesmo tempo em que desqualificam outros como falsos.
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