O objetivo deste artigo é analisar a política para o ensino superior no governo Lula (2002-2007) como resultante de um processo político de alianças e embates de classes e frações de classes no Brasil. Embora amplamente dominada por concepções e ações de natureza neoliberal, esta política encontra-se em disputa. Por isso analisar os interesses de classes em jogo constitui uma tarefa teórica e politicamente necessária. Dividimos este artigo em duas partes: na primeira analisamos as orientações ideológicas e as principais ações estatais implementadas pelo governo Lula durante o período 2002-2007 e, na segunda, expomos algumas das orientações e posições assumidas pelas principais forças sociais na luta pela conquista de seus objetivos. Embora tenham interesses específicos, as frações burguesas (industrial, de serviços e financeira), algumas frações das classes médias e das classes trabalhadoras convergiram e, neste sentido, apoiaram a proposta de reforma do ensino superior brasileiro, durante o governo Lula. O cenário apresentado é, portanto, muito adverso às forças sociais contrapostas � setores do movimento estudantil que fazem hoje oposição à direção da União Nacional dos Estudantes (UNE), a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), setores organizados do funcionalismo público federal e estadual (associações docentes) resistentes ao desmonte da universidade pública e entidades educacionais. São estas forças sociais que têm enfrentado e denunciado os limites da política para o ensino superior do governo Lula.
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