Gênero ambicionado pelas literaturas latino-americanas do Romantismo, a poesia épica tem na heroicidade uma categoria definidora. O artigo analisa como dois poemas épicos do Indianismo latino-americano – »I-Juca-Pirama« (1851), do brasileiro Antônio Gonçalves Dias, e Tabaré (1888), do uruguaio Juan Zorrilla de San Martín –, apresentam problemas e soluções convergentes na constituição de um herói épico indígena. O reconhecimento da excelência de um novo tipo de herói, cuja heroicidade está baseada na subjetividade, não ocorre no nível da diegese, e só será possível pela cumplicidade, entendida como compartilhamento de valores, entre herói, leitor e, no caso de Tabaré, também narrador. Ao criarem essa cumplicidade, os textos envolvem o leitor numa retórica que associa memória coletiva e extinção de grupos indígenas.
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