O artigo analisa o papel das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na vida escolar de jovens do ensino médio pertencentes a classes populares, com foco sobre o uso dos aparelhos celulares. Os dados qualitativos procedem de uma pesquisa etnográfica realizada ao longo de 2012 em uma escola pública de São Paulo que incluiu observações em três salas de aula, a aplicação de um questionário e, ao final, um grupo focal. Os dados quantitativos foram extraídos do CETIC.br-2013. Ancoradas em Bourdieu, Dubet, Tiramonti e Dussel, as análises levaram a concluir que as tecnologias constituem uma das bases da experiência social da juventude contemporânea e que mesmo que a escola não tenha incorporado as TIC a suas práticas os alunos trazem os dispositivos móveis para o seu interior. Entretanto, eles não mobilizam esses aparelhos para potencializar seu processo de aprendizagem, mas sim para se ausentarem do mundo escolar e reencontrarem os temas do universo juvenil. Dessa forma, pensar a incorporação desses elementos tecnológicos na cultura escolar requer a compreensão da responsabilidade da escola e dos professores na utilização pedagógica desses recursos, bem como a ponderação de que as tecnologias podem atuar mais como um fator de ampliação das desigualdades do que de democratização social e escolar.
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