Beatriz Sarlo em recente livro sobre a cultura da memória, adverte que vivemos em uma época de excessos sobre lembranças, narrativas pessoais e monumentalização dos discursos sobre o passado. Para ela, tal excesso não corresponde apenas a uma profusão de produtos sobre a memória, mas ocorre como uma profusão de trabalhos que buscam lidar com a lembrança como memória, e o esquecimento como um vazio. Assinalando que entender é mais importante que lembrar, embora para entender seja necessário lembrar, a autora nos propõe refletir sobre as dinâmicas discursivas que se estabelecem na cultura da memória, reafirmando que a guinada subjetiva que ocorreu nas últimas décadas do século XX, ao trazer os excluídos da periferia da história para seu centro, consegue realizar-se como uma função pública quando as narrativas sobre o passado abrem-se para a persistência da subjetividade, como uma espécie de artesanato da resistência.Esta imagem do artesanato da resistência é bastante potente quando pensamos os museus e as ações que se podem realizar em seu interior, no contato com a materialidade presente em seus acervos e as possibilidades desses acervos serem lidos e interpretados.
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