Brasil
Neste artigo, revisitamos memórias da médica pediatra Zilda Arns Neumann (1934-2010), fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança até 2010, presentes em quatro documentos: duas entrevistas, uma concedida em 1998 e outra em 2003 e os textos Pastoral da Criança: uma experiência consagrada (2000), e Zilda Arns Neumann: ela criou uma rede de solidariedade que salva centenas de milhares de crianças brasileiras (2003). Na esteira das análises de Walter Benjamin — da vida moderna condenada a “não deixar rastros”; da exigência da memória e ao mesmo tempo sobre as dificuldades de narração da experiência comum, da transmissão e do lembrar — objetivamos rememorar aspectos da ação educativa de Zilda Arns não como comemoração e/ou formas de apologia, mas como uma reflexão sobre as incompletudes e esquecimentos no tempo presente. A reminiscência sobre a mobilização e adesão de milhares de voluntários à Pastoral da Criança leva a concluir que ela somente foi possível porque Zilda Arns construiu um método de justificativa dessa Pastoral estreitamente vinculado a uma mística que unia fé e ação por melhores condições de vida. Pelo caminho de uma metodologia de trabalho comunitário compreendido e assumido como missão, promoveu uma mobilização popular em torno de um objetivo comum: do compromisso com a justiça para a superação da exclusão social.
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