Tarapoto, Perú
In the traditions of thought of the Latin American lefts, elaborations on the forms of right-wing movements are not abundant. José Carlos Mariátegui constitutes one of the few exceptions in this general panorama. This essay, which deals with his approaches to Italian Fascism, is divided into two sections. First, three dimensions of analysis of Mariátegui's essays on the emerging right in post-war Europe stand out, particularly in the texts gathered in his “Biology of Fascism”. These three dimensions, it is argued, outlined problems that were later elaborated by authors who became references in contemporary historiography on fascism (this exercise does not think of Mariátegui in terms of the “antecedent” of this historiography, but simply seeks to highlight some of his intuitions). Secondly, it is postulated that Mariátegui made a non-prejudiced reading of fascism, which sought to understand it in its own logic and paying attention to its innovations. Despite placing fascism as a counterrevolutionary movement that was located in the enemy camp of socialism and the international proletariat, Mariátegui extracted elements that were in harmony with the cultural climate of the time and that could be readapted in a socialist project. Fascism was, ultimately, a practical laboratory that complemented his readings of Georges Sorel (in some cases anticipating them) for the elaboration of the theme of myth, a key factor in his political philosophy.
Nas tradições do pensamento das esquerdas latino-americanas, não são abundantes as elaborações sobre as formas dos movimentos de direita. José Carlos Mariátegui constitui uma das poucas exceções nesse panorama geral. Este ensaio, que trata de suas abordagens do fascismo italiano, está dividido em duas seções. Em primeiro lugar, destacam-se três dimensões de análise dos ensaios de Mariátegui sobre as direitas emergentes na Europa do pós-guerra, particularmente nos textos reunidos em sua “Biologia do Fascismo”. Essas três dimensões, argumenta-se, delinearam problemas que foram posteriormente elaborados por autores que se tornaram referências da historiografia contemporânea sobre o fascismo (esse exercício não pensa em Mariátegui em termos de “antecedente” dessa historiografia, mas simplesmente busca destacar algumas de suas intuições). Em segundo lugar, postula-se que Mariátegui fez uma leitura não preconceituosa do fascismo, que buscou entendê-lo em sua lógica própria e atentando às suas novidades. Apesar de situar o fascismo como um movimento contrarrevolucionário que se localizava no campo inimigo do socialismo e do proletariado internacional, Mariátegui extraiu elementos que estavam em harmonia com o clima cultural da época e que poderiam ser readaptados em um projeto socialista. O fascismo foi, em última análise, um laboratório prático que complementou suas leituras de Georges Sorel (em alguns casos antecipando-as) para a elaboração do tema do mito, fator-chave em sua filosofia política.
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