Brasil
Este artigo objetiva analisar as violências representadas e denunciadas, a partir do conto As três mulheres sagradas, de Lídia Jorge (2014). No conto em análise, surge o desconserto da prática do aborto e de uma instituição de solidariedade, nomeada “Flores recolhidas”, que tenta ajudar futuras e jovens mães. Na narrativa são apresentadas quatro personagens femininas importantes: Vera, líder da associação; Julinha Moreira e Dinah, que são duas colaboradoras; e Margarida, jovem grávida de um estupro que foi recolhida e transformada em garota propaganda da instituição. Na seara da análise, constatamos as representações da violência física e da simbólica do silenciamento, das personagens Vera e Margarida. É importante destacar que Lídia Jorge retrata personagens complexas e multifacetadas, que vão além de simples representações de fragilidade e passividade. Suas obras frequentemente exploram a condição humana em todas as suas nuances, incluindo as diferentes maneiras pelas quais os sujeitos femininos lidam com suas fragilidades e encontram formas de resistência diante de adversidades. Para tanto, foi necessário mobilizar as contribuições teóricas de: Derrida (2014) e Todorov (2009), no campo da relação do discurso ficcional e real; de Michaud (1989), no que se refere ao conceito de violência; de Bourdieu (2012), para refletir sobre a dominação masculina; de Butler (2018) e Beauvoir (2009), com ponderações sobre o gênero feminino; e Fernandes (2021), no tocante a sororidade.
This article aims to analyze the represented and denounced forms of violence in the short story As três mulheres sagradas, by Lídia Jorge (2014). In this story, the disarray of abortion practice and a solidarity institution called “Collected Flowers” that seeks to assist future and young mothers come to the forefront. The narrative introduces four significant female characters: Vera, the leader of the association; Julinha Moreira and Dinah, two collaborators; and Margarida, a young woman pregnant from a rape who is taken in and transformed into the institution’s spokesperson. Within the scope of the analysis, we observe representations of both physical and symbolic violence of silencing concerning the characters Vera and Margarida. It is crucial to highlight that Lídia Jorge portrays complex and multifaceted characters that go beyond mere depictions of fragility and passivity. Her works frequently delve into the human condition in all its nuances, encompassing the various ways in which female subjects grapple with their vulnerabilities and find forms of resistance in the face of adversity. To accomplish this, it was necessary to draw upon the theoretical contributions of Derrida (2014), and Todorov (2009) in the field of the relation between fictional and real discourse; Michaud (1989) regarding the concept of violence; Bourdieu (2012) for reflecting on male domination; Butler (2018), and Beauvoir (2009) for considerations about the feminine gender; and Fernandes (2021) in regard to sorority.
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