Este estudo, pretende descrever e avaliar a adesão à dieta e a qualidade de vida relacionada com a saúde em insuficientes renais crónicos, em diálise no Nordeste Transmontano.
Foi desenvolvido um estudo não experimental, analítico e transversal, numa amostra de 263 doentes (77,58% da população), com insuficiência renal crónica que efectuavam tratamento dialítico em unidades de diálise no Nordeste Transmontano.
Foi utilizado um instrumento de avaliação constituído por uma medida genérica de saúde o SF-36, e uma específica deste quadro clínico de adesão à dieta o RAAQ.
Dos participantes estudados, a maioria era do sexo masculino (58,9%), são casados 64,3%, vivem sós 16%, reformados ou pensionistas 86,7% e possuem um nível de instrução básico ou inferior 96,7%. A idade dos respondentes varia entre os 19 e 88 anos (média = 62,87; desvio padrão = 15,5 anos). 43,9% dos respondentes apresentam rendimentos abaixo de 400�. 16% dos respondentes vivem sós.
O tipo de tratamento mais frequente é a hemodiálise (95,1%). O tempo de diálise destes doentes varia entre os 8 dias e 25 anos. A maior parte dos doentes apresenta outras doenças associadas (56,7%), a diabetes é a doença mais referida (29%). Referem complicações (98,86%), constituindo o esgotado ou sem força a complicação mais referida (78,5%). No que diz respeito aos dados bioquímicos e parâmetros antropométricos, apenas foram utilizados os valores do Potássio (K) e aumento de peso interdialítico, os valores encontrados para o potássio variam entre 1 e 9,2 mEq/L, apresentando em média o valor de 5,45 mEq/L e desvio padrão de 1,03 mEq/L. O aumento de peso interdialítico varia entre zero e 5,7 Kg, sendo a média de 2,30Kg e o desvio padrão de 977g.
Verifica-se relação entre a adesão à dieta e a percepção da qualidade de vida, verificando-se uma associação muito baixa, negativa e estatisticamente significativa entre a quase totalidade das dimensões de adesão à dieta e a qualidade de vida, com excepção das atitudes face às restrições sociais e, a maioria das dimensões de qualidade de vida e a adesão à dieta, função física, desempenho físico, dor, saúde geral função emocional. Sendo esta relação no sentido de que os doentes que apresentam uma percepção da qualidade de vida mais satisfatória, apresentam piores índices de adesão à dieta.
Os resultados evidenciaram um impacto negativo de algumas variáveis sócio-demográficas (género, idade, nível de instrução, estado civil, situação familiar, situação profissional e rendimento) e clínicas (tipo de tratamento, tempo em diálise, doenças associadas, complicações, dados bioquímicos e parâmetros antropométricos) quer em relação à adesão à dieta, quer em relação à percepção da qualidade de vida.
Nesta investigação é reconhecida a importância da avaliação da adesão à dieta e da percepção da qualidade de vida relacionada com a saúde, constituindo indicadores de excelência dos cuidados de saúde, reflectindo a voz do utente.
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